Ao se encarnar, Jesus tornou-se homem e como tal olhou para os pecadores, principalmente os necessitados, vulneráveis e discriminados. O olhar de Jesus para a viúva de Naim[1] contemplou a dor de uma mãe que acabara de perder o seu único filho. Assim, aquela mulher, que já sofria todas as implicações da viuvez na sociedade judaica, passaria a viver uma realidade ainda mais dura. Jesus se compadeceu dessa realidade, da sua dor, fazendo com que seu filho tornasse à vida.
Ao ver a multidão que o seguia, Jesus viu a necessidade daqueles que estavam ao seu redor. Eles tinha fome e Jesus quis saciá-la. Para isso, incumbiu os seus discípulos que contaram com a oferta de um menino, cuja doação consistiu em cinco pães e dois peixes[2].
Entre tantas, essas passagens ilustram a opção de Jesus pelos mais pobres e nos orientam a viver como cristãos. Devemos, pois, deixar-nos conduzir pelo exemplo do mestre, com um olhar atento ao nosso redor para perceber aqueles que sofrem, necessitam de apoio, cuidados, alimento para o corpo e para a alma. Não só perceber, mas sobretudo agir, seja na oferta concreta de bens materiais, seja na doação do tempo, trabalho, para que o pão e o alimento espiritual sejam a eles ofertados.
Jesus nos deixou como mandamento: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.[4] O amor a Deus também se concretiza pelo amor às pessoas que estão a nossa volta, além de familiares, amigos, conhecidos, também os desconhecidos necessitados. Amar a Deus implica reconhecer a todos como nossos irmãos, a todos como filhos de Deus, inclusive os que vivem a condição de miséria e abandono. O amor por nós vivido torna-se sinal de amor por cada pessoa humana, amor como atitude, como doação. Lembremo-nos ainda de que, quando surgiu a Igreja primitiva, os primeiros cristãos partilharam os seus bens.
Guardemos como a Santa Mãe de Deus, as Palavras do Senhor em nossos corações e ouçamos também o apelo do Santo Padre: “possa radicar-se cada vez mais nas nossas Igrejas locais e abrir-se a um movimento de evangelização que, em primeira instância, encontre os pobres lá onde estão. Não podemos ficar à espera que batam à nossa porta; é urgente ir ter com eles às suas casas, aos hospitais e casas de assistência, à estrada e aos cantos escuros onde, por vezes, se escondem, aos centros de refúgio e de acolhimento… É importante compreender como se sentem, o que estão a passar e quais os desejos que têm no coração”. [5]
[1] Lucas 7, 11-15 – Bíblia Ave Maria
[2] João 6, 9-13 – Bíblia Ave Maria
[3] Evangelii Gaudium, 198-199
[4] Mateus 22, 37-39 – Bíblia Ave Maria
[5] «Sempre tereis pobres entre vós» (Mc 14, 7) -Mensagem do Santo Padre Francisco
para o V Dia mundial dos pobres