Como todos os homens e mulheres, as pessoas idosas são muito amadas por Deus e por causa disso, temos visto, através das catequeses do Papa Francisco, uma conclamação da Igreja sobre o amor, o cuidado e a atenção às pessoas de idade avançada.
Sendo um século marcado pela grande quantidade de pessoas que estão chegando ou já chegaram à velhice, como nunca se viu antes, conforme catequese do Papa Francisco de 23 de fevereiro deste ano, a igreja nos alerta caridosamente a voltar o olhar para esses irmãos e irmãs, que, embora sejam tão especiais, têm sido esquecidos ou têm se tornado um fardo para seus descendentes.
Um dos pontos a que a Igreja se refere com relação aos idosos é a falta de unidade entre as diferentes idades, sobretudo entre aas pessoas que habitam no mesmo lar. Isso pode ser causa dos tempos corridos e das atividades excessivas, não sobrando espaço para que aja uma troca de experiências entre os mais novos e os mais velhos. Desse modo, surge a preocupação, não só pela falta de transmissão de ensinamentos dos mais experientes, mas, sobretudo, pela falta de diálogo, o que leva o idoso a sentir a dor do desprezo e da solidão e, ou que ainda é pior, em alguns casos, desencadeia um processo de depressão.
Outra questão crucial sobre a velhice é a supervalorização da juventude e é bem verdade que, nos últimos anos, aquela velha busca pela fonte da juventude tem se tornado cada vez mais presente no exaustivo culto ao corpo, ainda que isso aconteça em detrimento da alma. O Papa chamou isso de totalitarismo do século XX, uma atenção totalmente dedicada ao ser jovem-adulto, de modo que até as crianças investem bastante energia para que, pulando etapas, já viva como um adulto jovem, criando sempre a resistência ao amadurecimento pelos anos que se passam.
Podemos tomar como referência bíblica, o mandamento que nos manda honrar o pai e a mãe, no qual estão inseridos todos aqueles que, experimentados por todas as fases da vida, merecem o nosso respeito, a nossa companhia, a nossa dedicação.
Na profecia de Joel, lemos que “os velhos terão sonhos e os jovens terão visões”[1]. Diante dessa palavra e observando do mandamento do Senhor, que orienta e até exige de nós, seus filhos, que honremos nossos pais e mães, também na pessoa dos mais velhos, abramos o nosso coração com docilidade para acolher as pessoas idosas, marcando presença em suas vidas, não como quem leva em consideração o fim próximo, mas como quem zela por sua dignidade e valor. O Papa Francisco ainda diz em uma de suas catequeses que “a sabedoria ao longo do caminho que acompanha a velhice à sua despedida deve ser vivida como uma oferta de sentido para a vida, não consumida como uma inércia de sua sobrevivência. Se a velhice não for restituída à dignidade de uma vida humanamente digna, está destinada a fechar-se num desânimo que rouba a todos o amor.”[2]
[1] Jl 3,1
[2] PAPA FRANCISCO. Catequese sobre a velhice: A graça do tempo e a aliança das idades da vida (Audiência Geral de 23 de fevereiro de 2022). Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2022/documents/20220223-udienza-generale.html. Acesso em: 30/08/2022.