A festa da natividade de São João Batista foi fixada pela Igreja no dia 24 de junho, seis meses antes da véspera do Natal, considerando que, conforme o tempo litúrgico, o nascimento de João se deu cerca de seis meses antes do de Jesus.

Zacarias e Isabel, prima de Maria, como todo casal judeu, haviam sonhado ter um filho, porém, os dois de idade avançada já estavam convictos de que Isabel era estéril. A visita do anjo a Zacarias para anunciar o nascimento de um filho foi acompanhada de uma profecia: “a fim de formar para o Senhor um povo preparado”[1]. Esse anúncio provocou incredulidade no pai, de modo que o Senhor o deixou mudo durante todo o período da gestação do menino. Assim, o nascimento de João, o Batista, se deu em circunstâncias extraordinárias, fazendo com que seus pais, parentes e conhecidos fossem envolvidos pela admiração e pela alegria, testemunhando que “nada é impossível a Deus”[2].

Ainda como algo admirável e dentro do contexto sobrenatural do nascimento de João, é relevante o episódio da visita de Nossa Senhora à mãe de João: “Ora, quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre, e Isabel ficou repleta do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: ‘Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite?”[3] Aqui pode-se compreender como mais um sinal que realça o papel para o qual veio João: ser o precursor do Messias.

Sobre si mesmo, quando interrogado por sacerdotes e levitas fariseus, João, retomando as palavras do profeta Isaías, disse: “Eu sou a voz daquele que clama no deserto: ‘Aplainai o caminho do Senhor’”[4]. Isso revela o quão consciente era de sua missão, a tal ponto que não se curvou diante das agudas e ferinas interpelações ou ameaças, mas manteve o foco na sua missão anunciando, não somente com palavras, mas com a própria vida: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”[5].

João, que pregava um batismo de conversão, também “sem restrição, declarou: ‘Eu não sou o Cristo’”[6]; “eu nem sou digno de desatar a correia de sua sandália”[7]; “É preciso que ele cresça e eu diminua”[8], fazendo questão de delimitar, com humildade, o seu devido posto na história da salvação da humanidade.

Como precursor do Cristo, João nunca angariou para si mesmo reconhecimento, aplausos, sucesso. Nem reivindicou seguidores para si mesmo. O seu movimento foi sempre indicar quem era o Cordeiro de Deus para que as pessoas fizessem a experiência da salvação.

Sua morte se deu de forma dramática e cruel. Pelo fato de denunciar a vida adúltera do rei Herodes, que se unira à sua cunhada Herodíades, teve a sua cabeça decepada e entregue numa bandeja a Salomé, filha de Herodíades, como prêmio por ter dançado admiravelmente para o rei (cf. Mc 6,17-29).

Desse modo, a glória de João na terra consistiu, não sem provações e perseguições, em anunciar o Salvador. Por isso, sobre ele afirmou Jesus: “Digo-vos, entre os que nasceram de mulher nenhum é maior do que João; e, todavia, o menor no Reino de Deus é maior do que ele”[9].

Que São João Batista interceda por nós para que, com coragem e humildade, anunciemos o Cristo. Amém.


[1] Lc 1,17

[2] Lc 1,37

[3] Lc 1,41-43

[4] Jo 1,23

[5] Jo 1,29

[6] Jo 1,20

[7] Jo 1,27

[8] Jo 3,30

[9] Lc 7,28

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