O SENTIDO ESPIRITUAL DO JEJUM
O evangelho relata que o próprio Jesus afirmou que algumas espécies de demônios só são expulsas mediante jejum e oração[1]. Logo, é inegável que o jejum é uma fonte de força espiritual. Contudo, é preciso deixar claro que não é simplesmente qualquer jejum, ou seja, não se trata apenas de “escolhas alimentares”, mas de estilos de vida para os quais é preciso ter “humildade” e “coerência” para reconhecer e corrigir os próprios pecados, como disse o Papa Francisco[2].
O jejum que possui força espiritual não é uma simples renúncia, algo pesado e triste. Aliás, Jesus nos exorta que quando jejuarmos não tomemos um ar de abatimento e tristeza[3]. Na verdade, ensina o Papa João Paulo II[4]:
“O jejum é um símbolo, é um sinal, é um chamado sério e estimulante para aceitar ou fazer sacrifícios. Quais renúncias? Renúncia ao ‘eu’, ou seja, a tantos caprichos ou aspirações doentias; renúncia aos próprios defeitos, às paixões impetuosas, aos desejos ilícitos”. “Jejuar é saber dizer “não”, conciso e decidido, ao que é sugerido ou pedido pelo orgulho, pelo egoísmo, vício, ouvindo a própria consciência, respeitando o bem dos outros, mantendo-se fiel à santa Lei de Deus.
Portanto, se quisermos experienciar o sentido espiritual do jejum evitemos reduzi-lo a um mero exercício de prática exterior. Antes, porém, façamos do jejum um sacrifício de amor a Deus, um sinal de comunhão com a Igreja e compromisso com o próximo:
“Não é este o jejum que eu amo? Desatar os laços da impiedade, libertar os oprimidos, quebrar todo fardo”. Partir teu pão aos famintos, e abrir tua casa aos pobres”… “Então tua luz surgirá como a manhã, e tua salvação logo germinará, a tua justiça andará diante de ti, e a glória do Senhor te acolherá[5] “
[1] Mt 17, 21
[2] https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2023-03/quaresma-jejum-magisterio-papas.html
[3] Mt 6, 16-18
[4] https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2023-03/quaresma-jejum-magisterio-papas.html
[5] Is 58, 6-8