
Em muitas realidades, a pandemia do Coronavírus exigiu medidas menos ou mais severas de isolamento social, gerando impacto para a ação evangelizadora da Igreja, tornando-a mais desafiadora nestes tempos.
Não restam dúvidas de que a internet, com as suas inúmeras possibilidades, tornou-se muito necessária e oportuna para evangelizar e ser canal para trazer esperança a tantos irmãos do mundo inteiro, que experimentaram o medo e a dor de perdas de entes queridos e, neste período pós-pandêmico, continua a exercer o seu importante papel de alcançar milhares de pessoas nos mais longínquos lugares.
Porém, é bem verdade que, se por um lado, as ferramentas que a internet dispõe têm a sua importância no processo evangelizador, por outro, o modo como elas são usadas pode oferecer um risco à mensagem evangélica, causando distorção, dispersão e até dependência nas pessoas no que diz respeito ao exercício da sua espiritualidade, ao invés de favorecer uma autêntica relação com Deus que gere salvação pessoal, propósito para o qual o Filho de Deus se encarnou, morreu na cruz e ressuscitou.
Assim é que, lamentavelmente, alguns anunciadores do Evangelho têm se adequado à lógica do mercado midiático e, na corrida desenfreada para fidelizar seguidores, instrumentalizam a Palavra de Deus em vistas de benefício próprio. Claro que esse modo de anunciar procura responder a legítimos anseios humanos por felicidade e vitórias diante das adversidades, especialmente as que ora atravessamos. O grande problema, porém, é o anúncio fundamentado não segundo o que nos ensina a Palavra de Deus e a sã doutrina da Igreja, mas corroborando a cultura secular, que, compreende que o acesso à felicidade só é possível de encontrar no sucesso, no prazer, na riqueza e no poder, e chegando a desvirtuar o valor e o sentido da cruz, da renúncia, do sofrimento.
Ainda neste contexto de instrumentalização da Palavra de Deus, válidas e coerentes são as palavras de Alessandra Freitas, fundadora da Comunidade Remidos no Senhor: “Não vista o Evangelho com a moda e sim a moda com o Evangelho. Também não vista o Evangelho com a cultura pagã, mas derrame o Evangelho sobre o paganismo”[4], enfatizando que “o essencial é agir sempre pela sabedoria de Deus”
Nessa perspectiva, comuns são as mensagens mais açucaradas de otimismo segundo os parâmetros humanos ou com caráter de autoajuda do que revestidas da esperança a que fomos chamados[1], “para sermos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor.”[2]
Ou seja: não se trata de prescindir dos sofisticados instrumentos tecnológicos, que, de modo indiscutível, cumprem uma função extremamente importante e devemos explorá-los sim, mas se trata de não se submeter “às ideias ou aos recursos desse mundo”, devendo estes serem usados “com astúcia e prudência”.
Nesse sentido, é bastante oportuna a advertência do Papa Francisco, quando diz que “este é o momento de voltar àquele começo, ao pé da cruz, olhando para a primeira comunidade cristã, para ser uma Igreja que tem a peito a amizade com Jesus e o anúncio do seu Evangelho, e não a busca de espaço e atenções.”[3]
Ainda neste contexto de instrumentalização da Palavra de Deus, válidas e coerentes são as palavras de Alessandra Freitas, fundadora da Comunidade Remidos no Senhor: “Não vista o Evangelho com a moda e sim a moda com o Evangelho. Também não vista o Evangelho com a cultura pagã, mas derrame o Evangelho sobre o paganismo”[4], enfatizando que “o essencial é agir sempre pela sabedoria de Deus”.[5]
[1] Cf. Ef 4,4
[2] Ef 1,4b
[3] Francisco: devemos ser peritos em humanidade, acender fogueiras de ternura. Vatican News, 02.04.2022. Disponível em: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2022-04/francisco-devemos-ser-peritos-em-humanidade-acender-fogueiras.html. Acesso em: 19.09.2022.
[4] Escritos da Comunidade Remidos no Senhor.
[5] Ibidem.