Ao contrário do que muitos pensam, uma das maiores conquistas que homens e mulheres conseguem alcançar por seguir e amar Jesus é a liberdade interior. De forma equivocada, por muitos anos, apontaram a igreja como elemento condicionador de pessoas. Isso porque a rotularam, desde a Idade Média, quando os modernistas diziam que o cristianismo impedia que as pessoas alargassem a visão sobre as diversas áreas da vida humana, que estavam presas aos dogmas e leis bíblicas, e que, com isso, dava a falsa ideia de liberdade quando investigavam tantos outros assuntos e causas fora do âmbito evangélico, o que se torna outro equívoco, pois não há nada que as palavras e o modo de vida ofertado por Jesus não possa suprir ou definir na vida dos homens.
Desde o inicio da vida, quando começamos o nosso entendimento das coisas, ambientes e acontecimentos, já damos passos em busca daquilo que chamamos de liberdade, a tão sonhada liberdade da criança que quer fazer o que deseja, mas tem os pais para controlá-las, a dos jovens que absorvem mais intrepidamente o desejo de conquistá-la e também dos adultos, que, cheios de si, acreditam que já a possuem. Enfim, ser livre é projeto de vida de muitos e, por que não dizer de todos.
Com essa vontade de sermos livres, enveredamos por caminhos e ideias que, muitas vezes, nos deixam mais presos e moldados que nunca. No entanto, podemos aprender da própria Palavra de Deus que esta liberdade vem através da verdade, quando João diz em seu evangelho: “conhecereis a verdade e a verdade fará de vós homens livres”[1]. Uma frase que parece de efeito, que é usada muitas vezes de forma corriqueira e com a qual até já nos acostumamos, mas que, em sua essência, revela uma causa e uma consequência, a de chegar à verdade e por causa disso sermos livres.
De fato, foi para sermos livres que nós nascemos, e foi para isso que Cristo nos libertou[2] – diz São Paulo na sua carta aos Gálatas. E o que seria essa liberdade? Antes de tudo, não falamos aqui de uma liberdade física, geográfica, de não se estar preso a um determinado lugar que nos impede de ir e vir, mas de uma alma que não é escrava e não se deixa escravizar por nada e por nenhuma ideia. Falamos de liberdade interior, daquela que, mesmo quando estando preso (como foi o caso de Paulo que escreveu boa parte de suas cartas quando estava na prisão por anunciar a liberdade que Cristo oferece) é presente dentro de nós. Da liberdade que Cristo, com sua verdade, enraizou dentro de nós e que nada pode ser capaz de arrancá-la. Livres de qualquer condicionamento e que, de bom grado, direcionamos o nosso coração para o conhecimento da verdade.
Na Carta aos Romanos, Paulo nos diz que nada poderá nos separar do amor de Deus[3], e a isso podemos entender que é pela busca e conhecimento desse amor que seremos livres, a tal ponto que, em nenhum momento de nossa vida, os acontecimentos exteriores e nem os mais profundos nos tiram a liberdade. Esse Amor com letra maiúscula que nos torna livres, pois ele é a Verdade.
Portanto, podemos seguir pelo caminho da liberdade: buscar, querer e assumir a verdade que nos leva a amar e, dessa forma, sermos livres. Se conquistarmos essa liberdade interior por essa via, nada mais nos prenderá, a não ser o Amor que de tudo fez para nos libertar e então seremos nós mesmos que desejaremos estrar presos a Ele.
[1] Jo. 8,32
[2] Gl 5, 1
[3] Rm 8,38-39