“Feliz daquela aquela que creu, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!”[1] Essas palavras concluem a saudação dirigida por Isabel a Maria quando esta, movida pela caridade, viajou apressadamente para visitá-la.
Essas últimas palavras da saudação de Isabel remetem à resposta de fé de Maria quando da visita do Anjo, assim como reportam para um futuro ainda não revelado e nem compreendido, mas que exigiriam da Mãe do Salvador contínuas, maduras e corajosas respostas de fé numa “cooperação perfeita” e “disponibilidade à ação do Espírito Santo”, a fim de que o projeto de salvação da humanidade se concretizasse.
Nesse itinerário, a sua fé tornou-se progressivamente heroica passando pelos percalços da infância, pelo anonimato e escondimento durante a vida de Jesus em Nazaré, pelas perseguições no período da vida pública do Filho e, de modo muito particular, aos pés da cruz, em que “bem diferente da fé dos discípulos, que se davam à fuga, a fé de Maria era muito mais esclarecida”.[3] Esclarecida “porque acreditou” e acreditando participa, “perfeitamente unida a Cristo”, da morte redentora do Filho.
Desse modo, Maria, avançando na “peregrinação da fé”, “conservou fielmente a união com seu Filho até a Cruz”[4], participando eficaz e plenamente do Mistério de Cristo e, podendo ver o cumprimento da promessa: “Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará na casa de Jacó para sempre, e o seu reinado não terá fim.”[5]
Também nós precisamos aprender com a nossa Mãe esse itinerário de fé que devemos percorrer, inclusive contando com a sua intercessão. Itinerário que se constrói a partir de cada passo diante das circunstâncias da nossa vida. Passos que devem ser pautados em respostas concretas de fé, concretizadas por meio da confiança, do abandono e da entrega radical nas mãos de Deus, sobretudo nos momentos de dor e incompreensão. E, assim como a mãe, “sem esmorecer, continuemos a afirmar a nossa esperança, porque é fiel quem fez a promessa.”[6]
[1] Lc 1,45 – Bíblia de Jerusalém
[2] Carta Encíclica Redemptoris Mater n. 14
[3] Idem., n. 18
[4] Lumen Gentium n. 58
[5] Lc 1,32-33 – Bíblia de Jerusalém
[6] Hb 10,23 – Bíblia de Jerusalém