Anualmente, em 18 de outubro, a Igreja celebra a São Lucas, escritor, pintor, médico (Cl 4,14) e “doutor dos gentios”.
O terceiro Evangelho e os Atos dos Apóstolos são do mesmo autor (At 1,1). São dois livros, mas que compõem uma única obra, tendo o mesmo destinatário: Teófilo (Lc 1,3; At 1,1). Embora não sejam assinados, a Tradição das Igrejas sempre atribuiu tais livros a Lucas.
O Evangelho lucano traz a vida, as ações e os ensinamentos de Jesus, da Galileia até Jerusalém. Já os Atos do Apóstolos narram a vida e o desenvolver das comunidades cristãs primitivas de Jerusalém até Roma.
“Essa obra descreve o caminho da Palavra: da periferia para o centro; do ambiente do campo para a cidade; do mundo judaico para um ambiente de cultura grega. Segundo a compreensão romana, o reino de César anunciava que a paz e a segurança vinham dos poderosos, do centro para a periferia.”[1]
Como bom escritor-historiador, o autor do terceiro evangelho traz informações de outras fontes, como, por exemplo, do evangelho de Marcos e da tradição das comunidades.
O objetivo é bem definido: “para que verifiques a solidez dos ensinamentos que recebeste” (Lc 1,4). A intenção dessa obra é animar as comunidades que estão assoladas pelo desânimo, cansaço, insegurança e descrença. Muitas pessoas estão abandonando a comunidade (Lc 24,13).
É possível perceber a característica mais original do Evangelho de Lucas, graças aos seis milagres e às dezoito parábolas, que não encontramos nos outros Evangelhos.
Lucas demonstra particular sensibilidade em relação à evangelização dos Gentios. Foi ele quem narrou a parábola do Bom Samaritano; citou o elogio que Jesus fez pela fé da viúva de Sarepta; de Naamã, o Sírio; do Samaritano leproso, o único que voltou para expressar seu agradecimento a Jesus por ter sido curado .
Ele dedica atenção particular aos pobres e às vítimas das injustiças, aos pecadores arrependidos, acolhidos pelo perdão e a misericórdia de Deus.[2]
“Graças ao misericordioso coração do nosso Deus, pelo qual nos visita o Astro das alturas” (Lc 1,78).
Essa abordagem se dá, especialmente, pelas parábolas onde Deus é apresentado como o pastor que procura a ovelha perdida e faz festa quando a encontra; ou como a mulher que procura a moeda perdida e quando a encontra reúne e igualmente festeja com seus próximos; e como o pai da parábola que acolhe seus filhos de maneira incondicional (Lc 15,1-32).
Divisão do Evangelho de Lucas [3]
O Evangelho de Lucas é grande. Tem 24 capítulos. A divisão em seis blocos ajuda a captar melhor a mensagem central e a perceber o jeito próprio de Lucas em apresentar a Boa Nova de Deus que Jesus nos trouxe:
Prólogo: Lucas 1,1-4: O motivo que levou Lucas a escrever
1º Bloco. Lucas 1,5-2,52: Nascimento e Infância de João e de Jesus
2º Bloco. Lucas 3,1-4,44: Passando de João para Jesus, do AT para o NT
3º Bloco. Lucas 5,1-9,50: Jesus vai formando uma nova comunidade
4º Bloco. Lucas 9,51-19,28: A longa viagem desde a Galileia até Jerusalém
5º Bloco. Lucas 19,29-21,38: Última Semana da vida de Jesus: o confronto final:
6º Bloco. Lucas 22,1-24,53: Paixão, Morte e Ressurreição
[1] https://www.vidapastoral.com.br/artigos/temas-biblicos/caminho-aberto-para-o-proximo-introducao-ao-evangelho-de-lucas/
[2] https://www.vaticannews.va/pt/santo-do-dia/10/18/s–lucas–evangelista–medico–padroeiro-dos-artistas.html
[3] http://nossamatriz.com.br/textos/lucas.pdf