Neste 7 de setembro, situado num ano em que nós, brasileiros, nos preparamos para escolher nossos representantes das esferas do legislativo e do executivo, nada mais oportuno do que refletir sobre alguns elementos importantes para se construir uma nação livre e justa para todos, como tanto sonhamos e almejamos.

É bem verdade que nos indignamos diante de situações que ferem ou ameaçam a dignidade de muitos homens, mulheres, jovens, crianças e idosos, frutos da ação egoísta, ambiciosa, violenta, individualista e soberba de tantos que seriam, de forma institucional, os responsáveis para prover as condições necessárias à promoção de uma vida digna para todos.

No entanto, precisamos ter em mente de que a busca pelo bem coletivo constitui tarefa de todos, sendo “necessário que todos tomem parte, cada qual segundo o lugar que ocupa e o papel que desempenha, na promoção do bem comum”[1].

A Igreja, preocupada em educar os fiéis para a sua participação social e política, construiu a Doutrina Social da Igreja, formada por um conjunto de dezenove encíclicas, inaugurada pela Rerum  Novarum de 1891, atribuída ao Papa Leão XIII, até   a Laudato Sí, do Papa Francisco, em 2015, valendo muito a pena, como cristãos católicos, nos apropriarmos desse conhecimento a fim de agirmos numa sociedade desafiadora como a atual, que exige de nós posturas cada vez mais comprometidas e corajosas.

Composta de orientações filosóficas e teológicas, a Doutrina Social da Igreja objetiva “levar os homens a corresponderem, com o auxílio também da reflexão racional e das ciências humanas, à sua vocação de construtores responsáveis da sociedade terrena”[2].

Desse modo, 7 de setembro é dia  de, não somente celebrarmos um acontecimento histórico, mas, sobretudo, de refletirmos sobre o nosso papel como cristãos de construir uma sociedade justa e solidária, em nosso entorno, no nosso cotidiano e com as nossas possibilidades, nos mínimos gestos a fim de que sejamos capazes de expressar, por meio de nossas decisões e atitudes, amor, esperança, justiça, gerando saúde num mundo que hoje se encontra gravemente doente.

Nesse sentido, como seguidores de Cristos, somos chamados a construir uma sociedade mais justa, fundada nos princípios fundamentais, conforme a Doutrina Social da Igreja, da verdade, que resulta em transparência honestidade e confiança; da liberdade, que constitui um exercício responsável e inerente à dignidade da pessoa humana, devendo ser reconhecido e protegido pelas instituições públicas e a justiça, que é compreendida, segundo o pensamento cristão, como a capacidade de dar ao outro o que lhe é devido.  

Diante da cultura da indiferença que congela a consciência das pessoas, levando-as a construírem muros que impedem a busca pelo bem comum e, consequentemente, contrariam a promoção da dignidade humana, o Papa Francisco intensifica seu apelo aos homens e mulheres de boa vontade, especialmente neste cenário de pós-pandemia, para “abraçar a sua cruz”, o que  “significa encontrar a coragem de abraçar todas as contrariedades da hora atual, abandonando por um momento a nossa ânsia de onipotência e possessão, para dar espaço à criatividade que só o Espírito é capaz de suscitar. Significa encontrar a coragem de abrir espaços onde todos possam sentir-se chamados e permitir novas formas de hospitalidade, de fraternidade e de solidariedade. Na sua cruz, fomos salvos para acolher a esperança e deixar que seja ela a fortalecer e sustentar todas as medidas e estradas que nos possam ajudar a salvaguardar-nos e a salvaguardar.”[3]

Desse modo, 7 de setembro é dia  de, não somente celebrarmos um acontecimento histórico, mas, sobretudo, de refletirmos sobre o nosso papel como cristãos de construir uma sociedade justa e solidária, em nosso entorno, no nosso cotidiano e com as nossas possibilidades, nos mínimos gestos a fim de que sejamos capazes de expressar, por meio de nossas decisões e atitudes, amor, esperança, justiça, gerando saúde num mundo que hoje se encontra gravemente doente.

Por fim, nesse contexto pós-pandêmico, é mais que necessário, é urgente que “não pensemos só nos nossos interesses, nos interesses parciais. Aproveitemos esta prova como uma oportunidade para preparar o amanhã de todos, sem descartar ninguém. De todos. Porque, sem uma visão de conjunto, não haverá futuro para ninguém”[4], alerta e a todos convoca o Papa Francisco.


[1] Catecismo da Igreja Católica, n.  1913. Disponível em: https://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/prima-pagina-cic_po.html. Acesso em: 06/09/2022.

[2] JOÃO PAULO II. Carta Encíclica Sollicitudo rei socialis (Sobre a Solicitude Social por ocasião do Vigésimo aniversário da Populorum Progressio). Disponível em: https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/encyclicals/documents/hf_jp-ii_enc_30121987_sollicitudo-rei-socialis.html. Acesso em: 06/09/2022.

[3] PAPA FRANCISCO. Vida após a pandemia. Diusponível em: https://anec.org.br/wp-content/uploads/2020/05/Vida-apo%CC%81s-a-Pandemia-Papa-Francisco.pdf. p. 25. Acesso em: 06/09/2022.

[4] Ibidem, p. 55.

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